Fundação Cultural Casa Lygia Bojunga

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Un Novo Nicho pra Santa

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Leituras no 14º SALÃO FNLIJ



Leituras no Salão

Participo de grupos de leitura. Um livro é escolhido, cada um lê, e depois nos encontramos para conversar sobre ele. Para trocar leituras, ideias, olhares. Sempre muito bom.
Naquele dia, seria um pouco diferente: eu e Ana Cristina Melo leríamos, no evento, para pessoas que podiam ou não conhecer os textos a priori. Proporíamos, ou tentaríamos provocar, uma conversa sobre o que fosse lido. Ana Cristina leria O Fio da Palavra, de Bartolomeu Campos de Queirós; eu, Os Colegas, de Lygia Bojunga, em comemoração ao aniversário de 40 anos do livro em 2012. Sempre uma apreensão – como será? quantos ouvintes? Eram três. Uma soma de cinco: duas leitoras + três ouvintes. Grupo pequeno.
Esperamos um pouco. Ana Cristina, então, começou a leitura e nos conduziu pela força e encanto do texto fazendo comentários entre um trecho e outro, comentários pertinentes e emocionados. Muito ouvimos sobre a riqueza da fantasia e sua importância, sobre a vida, o ato de criar. E tocados pela emoção do texto e a da Ana, sentados em círculo, olhos nos olhos, naturalmente a conversa aconteceu.

Chegou a vez de Os Colegas. Como éramos poucos, os exemplares disponíveis nos permitiram repartir a leitura. Cada um leu um trecho, emprestou sua voz para um texto que é grande exercício da fantasia. Um texto para crianças discutindo valores, exaltando a liberdade, cuidando de feridas. Se Bartolomeu nos tinha acendido a emoção, o olhar para dentro, Lygia acabou de nos fazer falar e nos dar a conhecer. Como acontece nos grupos de leitura de que participo: cada um falou um pouco sobre o que acredita, seus fazeres, pensamentos, o que lhe tocou nas leituras. Cada um, na sua medida, se colocou. Assim estivemos perto um do outro; um tempo curto, mas tão intenso.

“Pra mim, livro é vida” é uma frase de Lygia. “A vida é um fio,/ a memória é seu novelo”, versos de Bartolomeu. A lembrança daqueles momentos me faz pensar nisso, em quanto é mágico o compartilhar leituras. A literatura nos faz tocar nós mesmos e tocar o outro. Vida. Tempo. Pessoas. Que tarde agradável! Éramos cinco: não poucos.

Edna Bueno
Escritora

foto: arquivo pessoal, Casa Lygia Bojunga, 2011