Lygia Bojunga cria histórias
faz papel
imprime narrativas
produz livros
Lygia Bojunga narradora
jardineira
costureira
artesã
Para pensar a obra
bojunguiana, precisamos incluir a palavra, o papel, o livro, o tecido, o texto,
o bordado, a linha, o Fazer à Mão. Lygia escreveu e publicou histórias
de gente, de bichos, de objetos, de sentimentos, de passados, de memórias. São 23
livros publicados. E muitas histórias em casas e matas.
Lygia plantou a Boa
Liga, plena de verde, praças, curvas, picadas, trilhas, córregos, várzeas. Na Serra
Fluminense, a Boa Liga é um sítio-parque ambiental que selou o duradouro
encontro com o seu companheiro Peter.
Em 1958, ela lançou
a pedra deste espaço que traz um Santuário Ecológico em plena Mata Atlântica. Quando
adquiriu o primeiro pedaço de terreno, suas montanhas eram cobertas de capim e
de cupinzeiros. Em seis décadas, uma antiga fazenda de pasto se transformou num
atapetado verde de copas frondosas.
Criou o Ponto de
Encontro, o Paiol de Histórias, a Casa do Papel, alguns pousos, pracinhas,
recantos aprazíveis. Abriu estradas e transformou tudo num gigante verde,
habitado por aves e outros animais. Pássaros que orquestram seus cantos ao
longo do dia. Frutíferas identificadas por charmosas placas artesanais.
Boa Liga vem da
ligação com Peter, que iniciou ali e frutificou. O espaço nos leva a refletir
sobre o meio ambiente como um caderno escrito com jardins, hortas, matas,
sementeiras. Assim são as obras literárias, assim são os espaços de preservação
ambiental. Páginas para serem escritas, semeadas e cultivadas.
Ninfa Parreiras, estudiosa da obra de Lygia Bojunga, professora, escritora e psicanalista
Fotos: Pedro do Rio (Petrópolis, RJ), Inverno de 2021